Selos

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Velha senhora

É impressionante como as pequenas palavras do pobre menino sentado á mesa, despercebido, eram tão sutis quanto ele mesmo.

A tristeza marcada em sua face era comovente e bem clara. Lembro-me quando ele havia chegado perto a mesa onde estava sentada com alguns bons amigos, todos o notaram mais não houve diferença, desatou a dizer palavras que foram interrompidas por conversas de outros da mesma mesa, mas tanto para um bom menino ou velhos amigos, meus ouvidos estavam abertos e receptivos e meus olhos fixavam em cada expressão de ambos personagens.

O menino tinha olhos que mais pareciam esmeraldas de tanto brilho, ele tinha uma cor esquisita de cabelo e ele não era muito alto, a idade dele girava em torno de adolescência barata, ele dizia coisas que eu era obrigada a entender, ele me passava um jeito durão mais me parecia tão frágil como um passarinho voando ao vento, junto com as flores que mais parecem borboletas dançando, mas suas palavras ora tão mal formuladas e articuladas me davam a impressão de palavras em turbulência dentro de um corpo que as vezes me parecia tão gélido e com um movimento caótico.

E foi assim mesmo, em uma palavra mal formulada ele tentava fazer eu entender a palavra cuspida de sua boca, as mesmas em turbulência e a temperatura de seu corpo chegaram perto de mim como uma tempestade imprevisível, olhava ao fundo de meus olhos me trazendo um incomodo notável, eu, que gosto tanto de olhar no fundo dos olhos...E foi ali que percebi, eu não conhecia mesmo a realidade do velho garoto que me parecia um pobre menino, um velho garoto, um estúpido adolescente, uma temperatura gélida e tão furioso.

Mas as palavras tão sutis que antes pensara que fosse acabaram quando veio o silêncio batendo a porta do velho bar onde estávamos sentados, logo após do garoto ter dito a velha história que eu não entendera minutos passados. Sua avó agora estava morta, foi-se após um beijo roubado do relâmpago iluminado, bom, pelo menos ela morreu com luz.

E foi aí que percebi, o velho garoto tinha velhas histórias e uma velha doença, eu já havia escutado aquela história umas 10 vezes, mas cada cenário que ele estava me parecia como se fosse de novo uma primeira vez e parecia sempre que a velha tinha acabo de morrer, sempre quando eu via os olhos cheio de esmeraldas se derramando em águas.

Vá com Deus minha velha senhora, com beijo roubado do tão iluminado relâmpago, tenha certeza que o pobre garoto a cada dia lembra e te ama cada vez mais... Mesmo que seus velhos amigos já estejam cansados dessas cenas imprevisíveis de esmeraldas tão claras e tão molhadas por causa dessa velha senhora que só é uma boa história.

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